Quando o Jogo se Cala

Sento-me à beira do amanhecer, com a linha de pesca enrolada como uma memória. Nem todos lançam para esporte ou lucro. O mar não grita—sussurra. No ritmo silencioso entre as marés, descobri que cada puxão não é sobre vencer, mas sobre lembrar: como o silêncio sustenta mais que qualquer isca. Antigamente pensava que pescar era um jogo de chance—até aprender que era uma oração. As iscas não são feitas para emocionar—são talhadas da saudade—aquela que surge quando se espera por algo verdadeiro. A respiração de um pescador solitário, lenta e constante, torna-se sagrada no ar salgado. Não há multidões aqui. Nenhum líder clama “vença agora.” Só os recifes de coral sussurram suavemente sob as ondas iluminadas pela lua, e os peixes movem-se como pensamentos que atravessam o tempo.